Ah, os Calotes: Estratégias para Evitar Prejuízos no Comércio - Nilo Silva
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03/08/2024
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Ah, os Calotes: Estratégias para Evitar Prejuízos no Comércio

Ah, os Calotes

Em 2004, quando abri minha loja de suplementos alimentares, lembro bem que era uma época em que esse mercado ainda estava engatinhando e o faturamento não era das melhores, embora promissor. Naquela época, antes da existência do extinto Orkut, a loja nem mesmo tinha um computador — apenas um balcão e duas máquinas de cartão de crédito, pois ainda não havia uma única máquina que aceitasse a maioria dos cartões. Ah, os Calotes!

A Venda a Prazo e Seus Riscos

Ah, os Calotes! Como estava começando meu negócio, precisava de dinheiro e, obviamente, de clientes. Então comecei a vender a prazo, confiando mesmo, numa espécie de crediário. Eu mantinha um fichário com o nome e telefone dos clientes selecionados e anotava o que eles compravam, de forma semelhante às pequenas lojas de bairro ou mercearias, comuns em cidades pequenas.

A Decepção com os “Amigos”

Muitos desses clientes eram meus amigos, alguns bem próximos, que já haviam frequentado minha casa e participado de eventos e festas comigo. No início, tudo parecia perfeito, até que, na data do pagamento, alguns desses clientes não apareciam. Outros até entravam em contato para avisar que não poderiam pagar naquela data, enquanto outros simplesmente não atendiam minhas ligações.

O Impacto dos Cheques Devolvidos

Se você tem qualquer tipo de comércio, é bem provável que já tenha enfrentado situações como essas. E não podemos esquecer dos cheques devolvidos, com clientes pedindo para não os depositar novamente, prometendo que iriam resgatar em uma data específica — algo que, como você deve imaginar, nunca acontecia.

A Frustração com a Inadimplência

Lembro de um cliente que me devia e sempre inventava desculpas para não pagar. Até que, sem querer, vi-o comprando um par de tênis de corrida em uma loja. Era um tênis de boa qualidade, portanto, não foi nada barato. Além do calote, isso me causou um grande mal-estar. Era uma sensação ruim que me incomodou bastante, principalmente porque era tudo muito novo para mim e eu não sabia lidar com tais situações.

O Prejuízo dos Cheques Devolvidos

Eu tinha uma caixa onde guardava os cheques devolvidos e, embora não me recorde do valor exato, sei que era alto o suficiente para me deixar muito abatido. Sentia uma mistura de culpa e frustração. Acreditava que isso não aconteceria, especialmente com os “amigos” que, por causa dessas dívidas não pagas, deixaram de me cumprimentar quando me encontravam na rua, como se eu fosse o errado por cobrar.

A Reação dos Clientes e a Forma de Cobrança

Também havia aqueles que alegavam que não pagariam porque consideravam a forma como cobrei incorreta. Diziam que fui grosso ou desrespeitoso por cobrar uma dívida antiga e que meu comportamento não era necessário, sem se colocarem no meu lugar e entenderem que eu estava apenas cobrando uma dívida legítima.

As Tentativas de Resolução

Lembro-me de uma pessoa que, ao ser cobrada, me disse ao telefone: “Prove que eu devo”, referindo-se ao fichário que eu usava, que não tinha valor jurídico e não me permitia recorrer aos meios legais para tentar receber. Também recorri aos meios jurídicos com cheques devolvidos, mas sem sucesso. Recebi apenas uma pequena parte, geralmente porque a pessoa precisava limpar seu nome, caso contrário, não teria se esforçado para me pagar.

A Decisão de Mudar

A dica que dou para quem está começando a empreender é evitar cometer o mesmo erro que eu. Se optar pelo famoso “fiado”, terá uma dor de cabeça tão grande que talvez não compense o lucro. Assim como eu, você pode acabar se indispondo com alguém e até fazer inimigos. Não digo que perderá amigos, pois alguém que não honra seus compromissos com quem chama de amigo definitivamente não merece estar ao seu lado.

A Nova Abordagem

Cheguei a um ponto em que juntei todos os cheques devolvidos e as fichas dos clientes devedores e disse em voz alta: “Ninguém me deve mais nada e, a partir de agora, não venderei mais dessa maneira.” Rasguei tudo em seguida. Aqueles que me pagavam conforme o combinado eu mantive, pois não achei justo cortar quem estava em dia. Senti uma leveza com essa atitude, que melhorou meu negócio e, principalmente, a mim, já que não passei mais raiva e não tive mais dias ruins por esse motivo.

Conclusão e Recomendações

Confesso que tive medo de perder dinheiro ao negar o pedido de muitos clientes para pagar como antes, mas percebi que no final das contas, não houve perda alguma. O prejuízo emocional e financeiro causado pelos calotes é muito maior do que qualquer queda no faturamento.

Se o cliente não puder pagar à vista, ofereça outras opções de pagamento, como no cartão de crédito, com possibilidade de parcelamento. Caso ele não tenha cartão, sugira uma nova data para a compra. Se você for um vendedor externo, trabalhe no porta-a-porta e verifique com o cliente qual a melhor data para ele, retornando em outra ocasião.

Se você tem medo de acabar com o “fiado”, saiba que no início pode haver um pequeno impacto, mas com o tempo tudo se normaliza e você verá que fez a melhor escolha. Há uma frase que uso bastante e gostaria de deixar para você: “Melhor e mais inteligente do que aprender com os próprios erros é aprender com os erros dos outros.

Ah, os Calotes! Para mais conteúdos interessantes como este, visite a seção ‘Empreendedorismo‘ no meu blog.

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Nilo Silva
Nilo Silva
Empresário, palestrante, criador de conteúdo, e escritor do livro QAP Total - Pronto para o sucesso.

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